Boladona

As bolas oficiais das Copas do Mundo têm nome desde a Telstar, utilizada nos mundiais de 1970 e 1974. Depois dela vieram a Tango (78 e 82), Azteca (86), Etrusco, (90), Questra (94), Tricolore (98), Fevernova (2002), Teamgeist (2006) e a inesquecível Jabulani (2010). Tirando a primeira, a bola mais linda de todos os tempos, com o nome mais legal já inventado, as seguintes tiveram nomes banais e previsíveis, fazendo alusões toscas aos países sede da competição (Tango/Argentina, Azteca/México, Etrusco/Itália, Tricolore/França, Teamsgeist/Alemanha e Jabulani/África do Sul), ou nomes inventados por marqueteiros criados a leite com pera que nunca jogaram bola na vida (Questra/EUA e Fevernova/Japão e Coreia).

A Adidas, parceira e fornecedora oficial de material esportivo da FIFA, percebeu que poderia mercantilizar (e, consequentemente, faturar) com a bola e, com isso, inventou essas besteiras aí. Apesar de o ápice da idiotice ter sido alcançado com a inigualável Jabulani, eu sabia que para a Copa de 2014, no Brasil, país da piada pronta e do lugar comum, os limites da mediocridade seriam superados, como disse neste post. Eu disse, na ocasião, que a bola, que não tem nada a ver com a história, seria batizada com algum nome esdrúxulo.

Pois a coitada já tem nome: Brazuca, assim mesmo, errado, com Z (o correto é com S), escolhido por 77% dos votantes em uma eleição transparente e democrática organizada pela RGT, contra outros dois nomes tão qualificados quanto o eleito, “Bossa Nova” e “Carnavalesca”. Quer dizer, o resultado seria um horror de qualquer jeito.

A justificativa dada para o erro de ortografia foi a “facilidade para registrar a marca no Brasil” e a “dificuldade em obter os direitos” sobre outros nomes, como “Gorduchinha”. A não ser que “brasuca” seja alguma marca registrada, ou bordão de alguém, a justificativa dada pela Adidas não justifica nada. Foi só uma desculpa esfarrapada para a derrapada no português – algo que os marqueteiros da Adidas no Brasil, ou mesmo os da sede na Alemanha teriam evitado, se tivessem um pouco de cuidado.

Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Apesar de já ter sido batizada, a pobrezinha da Brazuca ainda não tem cara: o desenho dela ainda vai ser escolhido pelo público, em outra votação prenhe de lisura, também organizada pela RGT. Fico só imaginando o que vem por aí.