Manda quem pode…

Sábado passado fomos ao aniversario do Cauê, um amiguinho do João Guilherme. Foi no Parque Estadual da Chacrinha, uma área de 13,3 hectares de mata atlântica em Copacabana, perto da rua Tonelero, ao lado da Ladeira do Leme. A criançada tem espaço para brincar e correr à vontade, e por isso estava elétrica, excitadíssima.

João Guilherme estava correndo com outros amiguinhos, eu acompanhava a brincadeira à distância – muita distância, como acabei descobrindo. De repente ele disparou em direção ao portão de entrada do parque, que fica aberto durante o horário de funcionamento. Eu não ia conseguir alcançá-lo antes que ele saísse, porque além da distância eu teria de descer uma escada de uns 10 degraus. Pouca coisa, mas ia atrasar ainda mais a minha corrida. Se o pai de uma amiguinha, a Pietra, não o tivesse segurado, JG teria saído do parque e ido para a rua. Ela nem é movimentada, mas é uma rua, e um carro poderia passar no exato instante em que ele saísse e eu não quero nem pensar nisso.

João Guilherme ficou irritado por ter sido impedido e ameaçou fazer pirraça para o pai da Pietra, uma menina linda de morrer que estava bem do meu lado enquanto a cena acontecia. No susto, eu falei para mim mesmo “eu vou lá!”, e a Pietra me ouviu e disse “eu também vou, tio!”. Fomos, então.

Eu cheguei primeiro, lógico (mas não sem tê-la ajudado a descer as escadas antes) e já fui perguntando a JG que pirraça era aquela. Enquanto eu dava bronca nele (nem pela tentativa de fuga, mas pela malcriação), ela, Pietra, chegou e simplesmente pegou JG pela mão. Ele, por sua vez, se calou, levantou e saiu andando com ela, totalmente obediente.

Surpresos, eu e o pai da Pietra acompanhamos a cena e os seguimos. Quando eles chegaram no pé da escada que eu mencionei acima, encontraram uma outra amiguinha, a Mari. Nisso, a Pietra falou, triunfante, enquanto JG só olhava, meio confuso:

– Viu, Mari? O Gui tava lá e não queria vir pra cá. Mas agora ele quer!

E assim João Guilherme aprendeu uma das lições mais importantes para a vida dele: quem é que manda de verdade.

JG e Pietra: é ela quem manda!

San Lorenzo, Capela Médici, Corredor Vasari

Embora Florença seja uma cidade com ótima mobilidade urbana, nossa primeira tentativa de visitar o Centro Histórico foi mesmo de carro, porque nosso hotel ficava um pouco mais afastado do centro do que imaginávamos. Não foi um trajeto longo, mas logo percebemos que a investida não daria certo. Nem foi por causa da ZTL, mas sim devido ao preço do estacionamento. Uma coisa que pudemos observar durante toda a viagem foi como custa caro estacionar o carro, em qualquer lugar. Os preços caros têm como origem a valorização do espaço urbano (é muito complicado achar uma vaga) e, também, têm por finalidade desestimular o uso do carro nos centros urbanos.

Tentei estacionar no Mercado San Lorenzo, que tem uma área enorme no subsolo, em localização privilegiada, mas deixar o carro lá já custaria oito euros só na primeira hora. A diária chegaria a sessenta euros. Desistimos e voltamos para o hotel para deixar o carro lá e voltar no 14-A, o ônibus sugerido pelo gerente.

Saindo da estação de Santa Maria Novella, onde saltamos do ônibus, nos deparamos com a Igreja de San Lorenzo, que, como foi descrita por O Cachambi é Aqui, tem a fachada inacabada em razão da obra um tanto desleixada (parece que os Médici, que financiaram a conclusão da obra, fizeram o necessário para mantê-la de pé, e olhe lá) e interior pobre. Um prédio feio, em resumo. E a visita ainda custa seis euros por pessoa. Por isso, olhamos mas declinamos da visita, e seguimos para nosso próximo destino: a Capela Médici.

Igreja de San Lorenzo

A Capela é a parte “rica” da Igreja de San Lorenzo, construída, logicamente, para servir aos Médici. A separação entre a nave principal da Igreja e a Capela Médici é tão enfática que até o acesso é independente, apesar de ambas fazerem parte da mesma construção. Os Médici pareciam querer impor um limite bem claro: a igreja foi construída “de favor”, enquanto a Capela sim, foi feita para eles.

O ingresso custa 4 euros por pessoa, e tem prazo de validade: o visitante tem 15 minutos para entrar a partir do momento em que compra o tíquete. Lá dentro, vê-se que a Capela é mais bonita ainda por dentro do que por fora e vale o ingresso. Infelizmente não são permitidas fotos no interior do prédio – e na nossa visita, pelo menos, a marcação sobre os turistas era feroz -, por isso não dá nem para dar uma amostra da beleza da capela desenhada por Michelangelo, que fica no interior da Sacristia Nova, feita para receber os restos mortais de Juliano e Lourenço de Médici, os primeiros nobres da família, ou das esculturas que o artista também fez.

A Capela Médici

Na saída da Capela Médici aproveitamos para nos informar sobre aquilo que se tornou a maior lenda da viagem: o Corridoio Vasariano, ou Corredor Vasari, administrado pela mesma empresa responsável pela Capela, a Firenze Musei. Lá descobrimos que a visita precisa ser agendada exclusivamente pelo telefone 055.294883, de segunda a sexta das 8h30 às 18h30 e sábados das 8h30 às 12h30. Tentamos de todas as maneiras ligar para marcar um horário, e ficamos mais animados ainda quando o gerente do nosso hotel disse que era um passeio “espetacular”, mas nada. O máximo que conseguimos foi ouvir mensagens de “todos os nossos atendentes estão ocupados, por favor, aguarde”, e só.

É um passeio caro, o ingresso custa mais de 90 euros por pessoa, mas há agências de turismo independentes que organizam excursões para visitar o corredor. As visitas são organizadas em grupos de no mínimo 9 e no máximo 25 pessoas. A visita deve valer a pena: o Corredor Vasari foi construído em 1564 por ordem de Cosme I para ser uma passagem exclusiva para os Médici se deslocarem entre o Palazzo Vecchio e o Palazzo Pitti, respectivamente o palácio do governo e a residência dos Médici, e é ornado com centenas de obras de arte, além de, segundo soubemos, ter uma vista única de Florença. Pena, a visita vai ficar para outra vez.

Seguimos com nosso roteiro, e fomos em frente, rumo à construção que deve ser o maior ícone de Florença, sobre o qual falaremos na próxima semana: o Duomo.

Mundo cruel

Você descobre que vai ter um filho e, passada surpresa da notícia, vêm nove meses de expectativas, sonhos e planos.

A criança nasce e, junto com a alegria, vêm as noites insones, o cansaço, as olheiras, as incontáveis trocas de fraldas, as mamadeiras consumidas em quantidades industriais, a insegurança, as incertezas.

Ela cresce bem e saudável, e aí vêm as despesas com alimentação, vestuário, educação e lazer.

Vêm também os episódios ocasionais de pirraça e os testes de paciência e de limites, tanto dela quanto dos próprios pais.

Mas, de um modo geral, tudo corre dentro da normalidade, e os pais acreditam que, afinal de contas, estão fazendo um bom trabalho.

Aí, de repente, em um belo dia, a criança acorda, vai até o quarto dos pais e, com um sorriso enorme, canta:

– Ai, ai, ai ai ai ai, assim você mata o papai!

Meu Deus… onde foi que eu errei?!

Florença

Se existe uma cidade no mundo a que a Humanidade deve a sua existência, esta cidade é Florença, berço do Renascimento, o movimento artístico, científico, filosófico e econômico que marcou o fim da idade média e do obscurantismo que dominou a Humanidade por aproximadamente mil anos.

Chega a ser inacreditável como uma cidade relativamente pequena conseguiu reunir, ao mesmo tempo, tantas pessoas fundamentais para ruptura dos dogmas científico-religiosos que formavam a ideologia dominante até então e revolucionaram totalmente a forma como o Homem passou a encarar a natureza e a si mesmo. Na verdade, acho que só é possível ter uma ideia de como a civilização conhecida floresceu em Florença (a redundância é obrigatória) quando se vê a fachada da Galleria degli Uffisi, que ostenta as estátuas dos maiores expoentes do Renascimento, todos eles habitantes da cidade, nascidos lá ou não, e vários deles contemporâneos.

Na verdade, e sem receio de ser um pouco dramático, acho que não é exagero dizer que o que aconteceu na Itália no interregno compreendido entre os séculos XIV e XVII foi, sim, uma intervenção divina, uma salvação das trevas que atrasaram o desenvolvimento do Homem por um milênio. O que somos hoje é devido, em grande medida, aos gênios que surgiram praticamente ao mesmo tempo, no mesmo lugar, e que tivem condições de desenvolver suas habilidades, porque ainda encontraram quem os bancasse – os Médici. Portanto, uma visita a Florença é imperdível e indispensável, por uma série de razões: além da inesgotável fonte de conhecimento histórico (e eu, que sou um professor frustrado de História, fico arrepiado só de lembrar disso), a cidade é linda, com paisagens inesquecíveis.

Não foi difícil chegar a Florença: partindo de Pisa são só 100 quilômetros por três estradas: a E76, de Pisa a Lucca; a A10, de Lucca a Campi Bisenzio, e a A1, até a entrada de Florença, mas também é possível seguir pela Fi-Pi-Li, a estrada secundária que liga Florença, Pisa e Livorno. Pegamos a primeira opção por causa da pressa, mas depois pensei que deveria ter pego a outra estrada, porque é sempre bom fugir dos pedágios. De qualquer modo, é uma viagem de uma hora, sem forçar, e logo estávamos na entrada da capital e maior cidade da Toscana, com 102 quilômetros quadrados de área e 371.060 habitantes, além de algumas das construções e obras de arte mais famosas do mundo.

Enquanto procurávamos nosso hotel, apreciávamos a paisagem urbana. Não é difícil se movimentar por Florença, seja a pé, por transporte coletivo ou de carro, embora eu recomende que o carro seja deixado no hotel, primeiro por causa das famigeradas ZTL, que tornam virtualmente impossível estacionar na rua, segundo por causa dos estacionamentos públicos, que são caros (estacionar ficou crítico em qualquer lugar do mundo, temos cada vez mais carros e menos espaço). Há muitas linhas de ônibus na cidade, todas muito organizadas e racionais, que levam a todos os pontos da cidade e deixam o mais próximo possível do centro histórico, onde o trânsito de automóveis é proibido. É fácil usá-los e chegar a qualquer lugar em Florença.

Mas andar a pé também é muito legal, e é o melhor meio para se deslocar entre as principais atrações da cidade, que ficam perto umas das outras, mesmo porque o centro histórico é muito pequeno. Também era bom caminhar desde o hotel até o centro, embora isso fosse um bocado cansativo, porque nosso hotel era distante do centro. Por esta razão era sempre melhor pegar o ônibus da linha 14-A, que nos deixava na estação de trem de Santa Maria Novella, para dali seguirmos a pé para as atrações que queríamos visitar.

E quanto tempo é necessário para uma visita bem feita a Florença? Três dias é o mínimo necessário, se você tiver menos tempo que isso seu roteiro vai ficar comprometido. Quatro dias são ideais para se aproveitar adequadamente tudo o que a cidade tem a oferecer. E é bastante coisa, como vamos ver nos próximos posts.

Devaneios olímpicos

As Olimpíadas de Londres-2012 acabam no próximo domingo, dia 12 de agosto, e até a publicação deste post a delegação Brasileira conseguiu 2 medalhas de ouro, 2 de prata e 7 de bronze. De certa forma, quase todas foram surpreendentes para o público: as de ouro não eram aquelas dadas como certas como a que deveria ter vindo com Cesar Cielo nos 50 metros livres da natação ou do vôlei de praia feminino, com Juliana e Larissa. Ou mesmo da Fabiana Murer, no salto com vara feminino. Elas vieram de atletas relativamente desconhecidos dos brasileiros, e a do ginasta Arthur Zanetti foi definitivamente inesperada, dada a falta de tradição do país na ginástica masculina.

As de bronze, por sua vez, também foram surpreendentes porque algumas delas, imaginava-se, seriam de ouro, como a das meninas do vôlei de praia, as quais eu já mencionei, mas outras também foram surpresas bem legais e acho que mostram o acerto na preparação de certas modalidades esportivas, como o boxe ou o judô, que nunca haviam ganho tantas medalhas antes. Tá certo que não sou atleta, nem comentarista esportivo, muito menos especialista no assunto, mas eu tenho umas ideias sobre o desempenho dos atletas do Brasil nos Jogos Olímpicos.

Em primeiro lugar, na minha opinião, um “projeto olímpico”, como os dirigentes gostam de se referir, não é feito em apenas 4 anos, entre duas olimpíadas. Basta ver o que a Grã-Bretanha, atual terceira colocada no quadro de medalhas, tem feito, ou o que a China fez antes dela. São necessárias 2, às vezes 3 olimíadas com trabalho incessante para preparar um atleta e transformá-lo em um potencial campeão olímpico. Ele tem de ser treinado desde a infância, doutrinado até, sua vida tem de ser voltada para aquilo. Basta ver qualquer reportagem sobre Michael Phelps ou qualquer grande campeão (podemos até sair do panorama olímpico, em qualquer modalidade esportiva é assim), que mostram que não se vai muito longe sem anos de treinamento obsessivo.

Em segundo lugar é necessário dinheiro. Programas como o Bolsa-Atleta são legais, mas precisam ser aprimorados e ampliados. E mais importante que a ajuda do governo é o apoio de patrocinadores. Também precisamos de locais de treinamento adequados, de equipamentos que funcionem, de formação profissional sólida. Só assim poderemos criar um círculo virtuoso: atletas mais fortes aumentam a dificuldade da competição, e assim os velcedores serão verdadeiramente os melhores, de ponta. Basta ver, por exemplo, como são as seletivas olímpicas dos Estados Unidos: é tão difícil se classificar por lá que os que conseguem geralmente estão prontos para as medalhas.

Em terceiro lugar, é preciso cair na real. O desempenho do Brasil nos Jogos Pan-Americanos, por exemplo, não é, nem será termômetro para o nosso desempenho nas Olimpíadas, justamente porque os rivais não são tão fortes. Os Estados Unidos, por exemplo, raramente levam suas equipes principais para os Pan da vida, por isso geralmente temos um bom desempenho nos jogos regionais que acaba criando a falsa expectativa de que iremos mais longe do que realmente poderemos ir nas Olimpíadas (mesmo porque a maioria das potências olímpicas não está nas Américas). Além disso, todos contimuam treinando muito forte, e me parece que há uma certa acomodação do COB entre o Pan e as Olimpíadas, porque, talvez, já estaria tudo pronto.

Por outro lado, o que os atletas NÃO precisam, e isso é tão ou mais importante do que aquilo que eles precisam, é de pachequismos e ufamismos que só atrapalham. Opiniões inflamadas de pessoas que não entendem do esporte mas se atribuem uma autoridade autolegitimada, ou seja, acham que sua opinião é importante e definitiva por serem quem são (olha meu querido GB como expoente máximo desta categoria), jornalistas desinformados que geram uma expectativa exagerada no público sem conhecerem os fatos nem a realidade da competição transmitida, tampouco cientes do impacto de suas palavras sobre os atletas – muitos deles acreditam no que é dito, para o bem e para o mal (Rubens Barrichello é o melhor exemplo de quem acreditou que era muito melhor do que realmente é, um mito criado por quem estava desesperado para criar rapidamente um novo ídolo nacional).

Vários jornalistas brasileiros têm a infeliz mania de sustentar que todos os brasileiros são naturalmente vencedores pura e simplesmente porque são brasileiros, e se não ganham ou é porque há um complô mundial para prejudicar o Brasil ou é porque eles não mereciam sequer ter nascido aqui. Isso contamina o público – tirando o futebol, o brasileiro não gosta de esporte, ele gosta de ver onde tem brasileiro ganhando. Esse cenário, aliado à grande expectativa que é criada, gera uma frustração enorme no torcedor quando os resultados não vêm (e normalmente não vêm), e ele fatalmente vai decretar que o atleta derrotado é um fracassado na vida e uma vergonha nacional.

Esta postura não é só irresponsável e leviana, é cruel porque brinca com a profissão e com a vida de várias pessoas, mas quem faz isso não quer nem saber: o infeliz que ganhe para ser aceito pela sociedade e alcançar seu lugar ao sol (um conhecido meu dizia que “lugar ao sol” é mole, difícil mesmo é arrumar um lugar à sombra). Para desespero do Barão de Coubertin, no Brasil o buraco do ideal olímpico fica um pouco mais embaixo: o importante não é competir, é ganhar, e ganhar dando espetáculo. E em 2016, aqui no Rio, essa cobrança vai ser ainda maior.

No fim das contas, mesmo com as medalhas que ainda ganharemos até o final destas Olimpíadas (como as do futebol e do vôlei de quadra masculino e feminino, sejam lá quais forem), continuaremos ali, no lugar onde sempre patinamos: entre a vigésima e pouco e a trigésima e alguma coisa posições no quadro de medalhas, com as justificativas mais vazias e esdrúxulas possíveis de atletas frustrados e dirigentes fazendo cara de besta. As conquistas brasileiras continuarão a ser mais obra do acaso ou de teimosos que se viram como podem do que do planejamento estratégico organizado do esporte brasileiro. E quem se ferra é o atleta, que tem de conviver com aquela dicotomia: “O Brasil venceu; fulano perdeu”.

Fiz dois gols!

Nos anos 90, a rádio Transamérica FM (101,3 MHz, no Rio) fazia sátiras de músicas que bombavam no seu playlist. Algumas eram só esforçadas, mas outras eram realmente engraçadas, como “Fiz dois gol”, que satirizava “Please, Don’t Go”, do Double You, um grupo pop-dance-romântico que fazia muito sucesso com a garotada (coloquei o vídeo aqui para quem conhece curtir e quem ainda não conhece aprender a apreciar). A letra conta a história, narrada em primeira pessoa, de um jogador de futebol obscuro que comemora o fato de ter feito dois gols em uma partida e por isso se acha “o rei”, e torce para um dia ainda fazer três.

Infelizmente, mesmo depois de meses de pesquisa incessante na internet, nem eu nem o Leandro conseguimos o áudio da música, mas eu me lembro de trechos da letra (minha memória para coisas inúteis é inigualável), especialmente do refrão, que era assim:

Fiz dois gol
Dois gooooooool, eu sou o rei!
Fiz dois gol
Dois gooooooool, um dia eu faço três!

Mas por que eu estou contando essa história toda? Porque das atividades físicas que o João Guilherme pratica a que ele mais gosta é futebol. Ele também faz natação desde os sete meses de idade e tem aulas de capoeira (que é a que eu mais gosto de ver ele fazendo), mas nada supera a paixão dele pelo futebol. E toda vez que eu vou pegá-lo na escola, nos dias em que ele joga bola, ele, quando me vê, sempre repete, exultante, com a mãozinha estendida e espalmada:

– Fiz dois gols, pai!

Ao que eu, rindo e cantando o refrão da música mentalmente, sempre respondo:

– É, filho?! Você é o rei, e um dia ainda faz três!