Viajar com crianças, ao contrário do que muita gente pode pensar, está longe de ser chato, incômodo ou cansativo. Me incomodam bastante as pessoas que acham que crianças são um estorvo e que “atrapalham a diversão”. Isso é uma tremenda bobagem.
Crianças não são empecilho para uma viagem, longe disso. Só que, com elas, naturalmente, o ritmo dos deslocamentos é bem diferente do que aquele que você manteria se estivesse entre adultos (se bem que eu já viajei com adultos que eram muito mais chatos e difíceis do que várias crianças), você precisa realmente tomar algumas precauções, e, mais importante, respeitar o ritmo deles. Isso vai ajudar bastante a não se aborrecer nem frustrar.
Então, com base na minha recente experiência com João Guilherme, com dois anos e dois meses, e Davi, que tem nove meses, e pensando no Leandro, que já já vai ter uma nova companheira e aprendiz de viajante, resolvi fazer o “Guia Bobeatus Sunt… Para Viajar com Crianças Pequenas”, com umas dicas que eu acho úteis para não azedar o clima do passeio. vamos lá.
Pense sempre nas crianças para decidir para onde vai. Isso quer dizer o seguinte: quando pensar em viajar pense que você vai carregar carrinho e pelo menos uma mochila com fraldas, roupas, mamadeiras, potinhos de comida, lencinhos, pomada, trocador e brinquedos, além de tudo aquilo que você já leva normalmente, como máquinas fotográficas, guias, mapas. Então, atenção especial ao seguinte:
a) Carrinho: leve um, o menor e mais leve possível. Aquele pequeno, dobrável, para viagens. Não pense em levar o trambolho, você vai se arrepender. Mesmo que a criança já ande, leve-o para todos os lugares para onde você for, porque uma hora ela vai cansar, vai querer comer, descansar, dormir e é nele que você vai encontrar a sua salvação. Além disso, a criança caminha devagar, às vezes empaca e outras vezes quer ir para outro lado, então fatalmente você vai colocá-la no carrinho (não sem luta, de vez em quando), senão você não vai a lugar nenhum. Se a criança não anda, ela vai no canguru ou no carrinho (melhor do que ir no colo), ou seja, não tem jeito.
b) Calçadas: como o carrinho vai ser seu companheiro durante toda a viagem, é fundamental saber como está o estado das calçadas pelo menos no entorno do hotel onde você vai estar hospedado e nas proximidades das atrações turísticas que você pretende visitar. Quero dizer com isso largura, estado de conservação e existência de rampas de acesso. Com o Street View verificar isso ficou bastante fácil (amém, Google).
Paris, para nós, tem uma característica que às vezes se mostrava inconveniente: Como muitas ruas são estreitas (é uma cidade muito antiga, afinal), as calçadas são igualmente apertadas. Às vezes não dava pra passar dois carrinhos juntos (um indo e outro vindo), às vezes as mesas e cadeiras dos cafés ocupam muito espaço, às vezes as pessoas não dão espaço. Mas o estado de conservação em geral é ótimo, então empurrar os carrinhos não era um problema (desviar de um monte de coisas sim).
c) Transporte público: Há lugares, como nos Estados Unidos, em que isso não é problema: você vai andar de carro e pronto. Mas há cidades com sistemas integrados de transporte que são um sonho, mas há dois pontos importantes a ser observados: o movimento de usuários, especialmente nas horas de rush e os acessos às estações (escadas rolantes e elevadores, principalmente). Paris tem um metrô extremamente movimentado, mas antigo. Isso significa muitas escadas, poucas escadas rolantes e nenhum elevador nas estações, que têm muitos andares por causa das integrações de linhas e com o RER. E muita, mas muita gente as frequenta nos horários de pico, gente que fica se acotovelando em composições apertadas. Algumas estações, devido ao tamanho, têm esteiras rolantes (funcionais de verdade, não são a bobagem inútil que existem em algumas estações daqui do Rio), o que facilita bastante o deslocamento, principalmente se você obedece a sinalização que pede para você se manter à direita, porque quem vem pela esquerda passa rápido e nem se preocupa em pedir licença.
Entrar nos vagões com mochila, criança (no colo, no canguru ou no chão, tanto faz) e carrinho (necessariamente dobrado) é complicado. Tivemos de esperar os trens seguintes algumas vezes, porque os que chegavam estavam lotados. E, uma vez lá dentro, surpresa: dificilmente alguém vai ceder o lugar para você. Se a criança estiver dormindo isso tudo fica ainda um pouco mais complicado.
Mais dicas no próximo post.