Brasília, 50

O artigo 3.º da Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1891, separava, “no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabeIecer-se a futura Capital federal”. Duas eram as finalidades dessa disposição: proteger a capítal, que estava em posição vulnerável no litoral, e fomentar a integração nacional e a ocupação do interior do Brasil.

O artigo 4.º das Disposições Transitórias da Constituição de 1934 repetia a previsão da Carta anterior e estabelecia a realização de estudos para a identificação de um local no “ponto central do Brasil”, para onde a capital do país seria transferida. Também o artigo 4.º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1946, onde, pela primeira vez, se afirmou que o Estado no qual o então Distrito Federal se tornaria se chamaria Guanabara – antes não havia um nome definido. A Constituição de 1937, outorgada para a imposição do Estado Novo, não mencionou a criação ou a localização da nova capital.

Portanto, a criação de Brasília, terceira capital do Brasil, já era institucionalizada desde 1891, embora a ideia já viesse sendo discutida desde meados do século XVIII, pelo Marquês de Pombal, e foi construída como cumprimento de uma promessa de campanha do candidato Juscelino Kubitschek feita em Jataí, Goiás, em 1955.

Brasília (cujo nome idealizado seria Vera Cruz) foi construída em tempo recorde: uma cidade inteira surgiu do pó no meio do serrado goiano em cerca de 40 meses, sendo inaugurada em 21 de abril de 1960, em homenagem ao aniversário do enforcamento de Tiradentes, o primeiro herói nacional. E hoje, 21 de abril de 2010, completa seu sesquicentenário.

Nâo quero repetir os clichês de sempre sobre Brasília, nem ficar comentando a atual situação política do Distrito Federal. Prefiro dar minha impressão pessoal sobre a cidade, que, afinal de contas, é onde eu nasci, muito embora não tenha chegado a firmar raízes, porque vim para o Rio muito novo.

Nascer em Brasília foi um fato meio ocasional. Apesar de não ser filho de militares, meu pai havia sido transferido para lá, pelo trabalho, e por lá ficou uns 4 anos, período no qual eu acabei nascendo. Como vim para o Rio com 3 anos, e aqui estou há 32, claro que eu sou mais carioca do que brasiliense. Ainda fui lá algumas vezes, para visitar alguns parentes, mas já tem uns anos que não volto.

Da minha vida em Brasília, curta, na infância, eu me lembro bem de uma coisa, bem trivial: um pombinho preto com que eu brinquei no playground do prédio onde eu morava, na 110 Norte, e que a minha avó me ajudou a soltar para ele voar. Tenho uma foto desse dia, assim que eu a encontrar eu publico aqui. Acho que essa é uma das minhas lembranças mais antigas na vida.

Acho Brasília uma cidade muito bonita e bem planejada. Sua arquitetura é inspirada, adoro o Plano Piloto e a Ponte JK. Mas o que mais me impressiona é o céu de lá. É diferente. é mais azul de dia e mais escuro de noite, parece que tem mais estrelas, parece que é mais curvado. Eu não sei se é o contraste com o daqui: No Rio você olha para o horizonte e vê o mar e os azuis de um e de outro meio quqe se fundem em uma coisa só. Lá não: acho que o azul se destaca ainda mais por causa do contraste com o horizonte alaranjado do cerrado.

Parabéns a Brasília, então. Que os próximos 50 anos sejam melhores do que os últimos, progredindo e evoluindo sempre, mas mantendo a beleza do seu céu.

3 comentários sobre “Brasília, 50

  1. Brasília é legal. O problema é o povinho que nasce lá e depois debanda para cá, no sentido inverso do fluxo migratório… rsrsrs.

    Hehehe, reclama com a minha mãe… 8)

  2. Eu simplesmente AMO Brasília! Sempre quis morar lá! Aliás, parte das minhas férias escolares (julho e janeiro) eram programadas para lá. Minha tia e madrinha foi para lá antes até da cidade ser inaugurada, por causa do trabalho do marido, que é o meu padrinho! Eles moraram na 114 sul por um tempo e depois foram para o lago Sul onde estão até hoje.

    Outra tia, também foi pra lá e mora na 203 norte. E a história dela é fantástica, afinal, ela e o marido chegaram à cidade no dia do golpe militar, com um salvo conduto do Jango nas mãos! Tudo isso porque a irmã mais velha dela e o marido (que era amigo pessoal do então presidente, ele era gaúcho também) tinha se mudado para lá (eles foram os primeiros a ir) para trabalhar no governo. Faz tempo que quero fazer um post sobre isso. Acho que agora sai!

    na 110 norte, onde você morou, tem uma sorveteria MARAVILHOSA, a Saborella!

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