Ascensão e queda

Tem algumas notícias que me deixam meio besta, embora se refiram a assuntos a que ninguém se importa. Estou falando da mudança no comando da Fórmula 1, definida ontem: Depois de quatrocentos anos, Bernie Ecclestone foi dispensado pelo grupo que assumiu o controle da categoria, e Ross Brawn assumiu o seu lugar como diretor esportivo da parada.

Quem tem mais ou menos a minha idade e curtia Fórmula 1 quando era criança e adolescente acompanhou a trajetória de Bernie Ecclestone desde que era dono da Brabham. Sua ambição por dinheiro e pelo poder na categoria não tinha limites e ele frequentemente deixou a equipe em segundo plano para conseguir uma vantagem aqui e ali – o maior prejudicado foi Nelson Piquet, que talvez pudesse ter ganho mais do que dois títulos e 13 corridas em 7 anos com a equipe caso o velho asquenaze levasse o negócio mais a sério. A equipe, para ele, sempre foi um veículo para aumentar seu poder e influência na Fórmula 1 e, ao mesmo tempo, ganhar cada vez mais dinheiro.

Durante os anos 80 Ecclestone viveu uma relação conturbada com Jean-Marie Balestre, o também poderoso presidente da FIA, nos anos 90, mas depois da morte do vetusto francês, não teve para ninguém. Bernie, que já detinha os direitos de transmissão desde 1978, assumiu controle total sobre a Fórmula 1 e a única coisa que conseguia parar seus delírios era o Pacto da Concórdia, que evitou, por exemplo, que a premiação da categoria fosse definida por medalhas de ouro, prata e bronze, como nas Olimpíadas. Por outro lado, o milenar ancião transformou a Fórmula 1 em um negócio global e altamente rentável, tanto que atraiu um megagrupo econômico norte americano, o Liberty, que acabou comprando a categoria e agora está conduzindo uma verdadeira revolução.

Espero que dê certo e que a Fórmula 1 volte a atrair público com corridas interessantes de novo. Já passou a hora de a quem gosta de automobilismo voltar a ter entretenimento de verdade, porque do jeito que está não dá mais. Bernie Ecclestone foi um gênio dos negócios e levou a Fórmula 1 ao patamar que está hoje,  mas há tempos vem dando mostras de que não se adaptou aos tempos atuais, e é aí que Brawn entra, como novo diretor esportivo. Se ele souber entender o que o consumidor de hoje quer e conseguir atendê-lo, com boas corridas e bom espetáculo, teremos (eu, pelo menos, terei) muita diversão pela frente.

Deixe um comentário