Terra Mágica Florybal

A região de Gramado e Canela é famosa pelas fábricas de chocolate. Quatro são as principais: Lugano, Prawer, Caracol e Florybal. Esta última é a mais nova, e resolveu expandir seus negócios para além da produção e venda de chocolates, se aventurando no turismo de massa.

As lojas de chocolate da rede Florybal são reconhecidas na rua pelo visual espalhafatoso e por ostentarem uma característica, hum, pitoresca: estátuas de dinossauros, supostamente em tamanho natural, feitos de resina e fibra de vidro, que mais parecem alegorias de escola de samba. Se a ideia era chamar a atenção, eles conseguiram com folga.

Mas a Florybal não parou por aí: ela criou um parque enorme, a “Terra Mágica Florybal“, aberta diariamente das 9h às 18h, com ingressos a R$ 30 (aulto), R$ 20 (crianças com mais de 3 anos, as menores entram de graça), e R$ 15 (idosos). Fica em Canela, na estrada do Caracol, em direção à cascata. Não é difícil encontrá-lo: em uma curva à esquerda na estrada surge, à direita, o portão de entrada do parque, onde um enorme gigante de pedra carregando um globo terrestre, cercado por dinossauros de todos os tamanhos recepciona os visitantes. Simplesmente não tem como não ver, nem como não cair na risada ali mesmo.

O Gigante de Pedra

O Gigante de Pedra

Mapa da Terra Mágica Florybal

Mapa da Terra Mágica Florybal

O parque tem tanta informação, disposta de forma tão aleatória, tão sem critério, tão sem lé com cré, que é impossível não gostar. Logo na entrada há a “Mina de Chocolate”, em que anões de jardim são explorados em condição análoga à de escravo para extrair o chocolate de minas subterrâneas (!), de onde brotam cascatas de chocolate fudge (!!). No meio do caminho, um funcionário do parque aguarda para servir aos visitantes amostras de chocolate líquido em copinhos de plástico, fazendo uma única pergunta: ao leite, meio amargo ou branco? Não é ruim, mas é doce demais: o meio amargo parece ao leite, e o ao leite é quase uma cobertura.

Escovou os dentes?

Escovou os dentes?

Depois da “Mina de Chocolate” vem a “Mini Fazenda de Cacau”, que tenta mostrar a história do chocolate desde a descoberta do chocolate como bebida pelos maias até as fazendas de cacau da Bahia. Teoricamente é interessante, mas o que se tem é uma estátua de algo que parece ser um líder asteca, algumas estátuas de burros que carregam cestos cheios de frutos de cacau feitos de resina, umas cabanas feitas de palha e alguns pés de cacau (de verdade).

Daí para a frente a coisa só melhora. Ao longo de uma trilha de três quilômetros de extensão, vêm, não necessariamente nessa ordem (que diferença faria, afinal?), a “Floresta Mágica”, com escorregas e balanços para as crianças, duendes, gnomos e fadas; o “Mundo Animal”, descrito como uma ode à “importância dos animais e seu decisivo significado para a natureza” mas que é uma barafunda com imagens de animais pré históricos e homens das cavernas; o “Guardião da Floresta”, uma estátua enorme de um homem de tanga acompanhado de uma águia; os “Homens de Pedra”, que, como o próprio nome diz, são seres esculpidos em pedra, protetores do planeta; e os “Primatas”, que reproduz os hábitos dos primeiros hominídeos, há 50 milhões de anos (!!!).

Floresta Mágica

Floresta Mágica

Também há o “Lago das Deusas”, uma animada festinha onde estão reunidas, em um lago, Shiva, Rá, Iemanjá e mais uma série de dinvindades de diversas culturas; a “Aldeia dos Índios”, que retrata a vida dos habitantes do Brasil antes da chegada de Cabral; o “Recanto da Sereia”, um lago onde a sereia encanta índios pescadores, uma tartaruga e um jacaré; e o sensacional “Espaço da Fé”. É um espaço ecumênico onde estão reunidas, sem o menor critério, imagens representativas do catolicismo, umbanda, candomblé, hinduísmo, budismo, até do islamismo. Há um presépio, um altar, uma estátua do Cristo Redentor, um mini terreiro e tudo o mais que se pode imaginar. Também foi lá que aconteceu a mancada do dia: ao lado de uma placa indicando os banheiros há uma gruta com a identificação “Momento de Reflexão”. Pela posição que a gruta está em relação à placa, e também porque em cima da porta tem um sinal luminoso de livre/ocupado, qualquer um pode jurar que aquilo É o banheiro. Eu, pelo menos, tive certeza disso, e fui lá. Abri a porta, entrei e… uma luz azul acendeu, me deparei com um sofá de fibra de vidro imitando pedra e uma voz muito parecida com a do Cid Moreira começou a recitar salmos. Na parede oposta, um crucifixo e algumas imagens sacras completavam o cenário. Não deu pra não rir. Saí e encontrei o banheiro, que ficava uns metros mais adiante.

Hehe, pois é...

Hehe, pois é…

Achou muito? Ainda tem mais. Lembra dos dinossauros da entrada do parque? Pois é. A maior “seção” da Terra Mágica é o “Território dos Dinossauros”, um espaço dominado pelos répteis gigantes, de todos as espécies, tamanhos e cores, para todos os gostos. É o maior orgulho da direção do parque, mantida com o maior esmero, dá pra ver o carinho que os funcionários têm por aquela parte. Tem de tudo – ovos, carnívoros, oníviros, herbívoros, e placas de identificação com explicações sobre onde foram localizados os fósseis dos dinossauros encontrados no Brasil. E ainda tem o passeio no “Dinomóvel”, o voo no Pterodáctilo (R$ 10), e o “Cinema 7D” (não sei de onde tiram tantas dimensões, mas vá lá).

Dinomóvel

Dinomóvel

Ainda há um castelo, onde fica o restaurante e um playground onde montaram o maior daqueles brinquedos que parecem uma gaiola de hamster (a crianlça sobe, desce, escala, escorrega, pula, gira) que eu já vi. É enorme!

Tudo o que está na Terra Mágica Florybal é montado de forma totalmente aleatória, o cenário é super cafona e os funcionários levam tudo a sério. Talvez por isso mesmo seja uma das atrações mais concorridas da região. As crianças adoram – foi onde João Guilherme mais gostou de ir, disparado – e os adultos também gostam, porque não tem como não se divertir com aquele caos. Eu adorei, não conseguia parar de rir. Definitivamente, vale a pena visitar.