João Guilherme está em uma fase de “malcriação controlada”, para testar bem a nossa paciência. De vez em quando ele, do nada, choraminga, fica de mimimi, faz manha, fala com vozinha fina, quase miando. E normalmente ele não quer nada, só atazanar. É engraçado quando ele já chega fazendo drama querendo alguma coisa e nós concordamos, aí ele fica sem saber o que dizer, com cara de bobo, mas em geral essa mania é um saco.
Acho que é da idade, mas nós estamos marcando em cima, porque é de pequeno que se torce o pepino, e uma coisa que me preocupa muito na criação dele é ele se tornar um moleque mimado, criado a leite com pera e cheio de vontades. Aqui, não.
Para ajudar na tarefa, conversamos com a Carol, a diretora da escola, e ela está colaborando bastante. Outro dia, ao notar que João Guilherme ia começar a fazer pirraça na escola, ela o levou para a sala dela para uma conversa. Depois ligou para a Fê para contar como foi:
— Fernanda, é a Carol, da escola, tudo bem?
— Oi, Carol.
— Olha, tô ligando para avisar que eu trouxe o João aqui para a minha sala para falar com ele sobre aquela questão da pirraça. Perguntei se ele estava gostando de vir para a escola e ele disse que sim. Depois eu disse para ele que eu tinha recebido um telefonema da sua casa, e perguntei se ele sabia quem tinha ligado.
— Ah, é? Ótimo! E o que ele disse?
— Ele disse que sabia sim, que tinha sido o pai [nota: eu não liguei].
— (Risos) Ah, foi?
— Foi. Mas eu aproveitei e continuei, perguntei por que o pai dele teria ligado para mim. Sabe o que ele respondeu?
— Ai, caramba, não sei. O que foi que ele disse?
— Ele disse “porque o meu pai é esquisito”.
— (Risos) Mas que garoto sem vergonha!
— Eu me controlei para não rir, e disse que tinha sido você, e que você está muito chateada com as manhas que ele está fazendo. Disse que isso não era legal e que ele não é mais um bebê, não estava mais na turma do berçário, já é um homenzinho e este não é um comportamento para a idade dele. Ele se desculpou e disse que não vai fazer mais, e que vai comer o lanche da escola. Vamos continuar de olho aqui, tá?
— Certo, Carol, obrigada!
Pois é, agora eu sou “esquisito”. E não foi a primeira vez que ele me “elogiou”: ele já disse para uma amiga que eu “solto muito pum” e outro dia disse para a minha mãe que eu “atropelo todo mundo na rua” e que eu falo muito palavrão.
Isso é ser pai: eu estou errado até quando não faço nada…