Ontem recebi uma incumbência da Fernanda: buscar João Guilherme na escola. Tomado de animação, saí do trabalho mais cedo e peguei o metrô preocupado em não me atrasar, por dois motivos: primeiro porque eu não queria deixá-lo esperando (eu tenho trauma de ficar na escola esperando indefinidamente minha mãe ir me buscar – eu morava longe da escola e às vezes ela demorava para aparecer, por causa da distância e do trabalho), segundo porque depois de quinze minutos de atraso a escola cobra multa pela permanência da criança (eu acho isso ótimo, se existisse no meu tempo ou a minha mãe ia à falência, ou me trocava de escola, para uma mais perto, ou ela chegaria na hora pra me buscar).
Deu tudo certo e eu cheguei na hora. Me apresentei à professora que estava controlando a saída das crianças e disse que tinha ido buscar JG. Ela perguntou meu nome, se eu era o pai dele e foi conferir na secretaria (elas guardam cópias da identidade da Fê e minha). Tudo confirmado, chamaram o nome e a série dele pelo microfone para que a professora o trouxesse.
Depois de alguns minutos João Guilherme apareceu, de mãozinha dada com a professora, que segurava a mochila. Ao me ver abriu um sorrizão e correu falando “papai, papai”. Eu, que não me continha de orgulho, o peguei, abracei, beijei, fiz uma festa tão grande que esqueci das recomendações da Fê e não perguntei se ele tinha comido direito, cochilado ou feito cocô (poupem-me dessa história de “número 2”) direitinho.
Só que, pouco depois, veio o choque de realidade: João Guilherme, com uma expressão entre preocupado e curioso, perguntou “mamãe? Mamãe?” e ameaçou chorar. Pediu pra descer do colo e começou a caminhar, procurando pela Fê, que sempre vai pegá-lo na escola. Como ele não a viu, a ameaça se concretizou e ele começou a chorar mesmo.
Para sorte nossa ela, que não tinha ido à escola por conta de um compromisso, tinha conseguido terminar tudo antes do previsto e estava a caminho, e acabou conseguindo nos encontrar lá. A expressão de alívio dele foi a coisa mais genuína e sincera. Aí eu percebi realmente qual é o meu lugar nesta família. Mas tudo bem, são as agruras de ser pai.