Monza, 10 de setembro de 1972

Foi há quarenta anos, no domingo, 10 de setembro de 1972, que Emerson Fittipaldi alinhou no sexto lugar do grid de largada do Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1, disputado em Monza, podendo se sagrar campeão mundial da temporada que vinha dominando amplamente, graças a um carro fantástico (o mítico Lotus 72D), à excelente forma técnica, à sorte e ao azar dos principais concorrentes, Jackie Stewart, da Tyrrell, campeão do ano anterior, e Dennis Hulme, da McLaren, campeão de 1967.

Emerson já era o virtual campeão daquele ano, porque sua campanha era muito superior à dos rivais, e lhe bastava pontuar na corrida para confirmar o título. Porém, os dias anteriores à corrida não foram nada tranquilos: naquela semana o carro titular fora destruído em um acidente com o caminhão da equipe durante a viagem para Monza, e o carro reserva, com o qual Emerson havia participado da classificação, apresentou vazamento no tanque de gasolina durante o Warm-up, o treino de aquecimento e acerto do carro realizado na manhã da corrida. O defeito foi consertado em cima da hora e ele pôde correr.

O interessante é que, em razão do acidente que havia matado Jochen Rindt na mesma pista dois anos antes, Colin Chapman, dono da Lotus, estava tendo problemas com a Justiça Italiana. Assim, para evitar sua possível prisão e a busca e apreensão do equipamento da equipe, ele inscreveu apenas um carro na corrida – o de Emerson – e não foi para a Itália. O carro com que Emerson correu foi um chassis reserva enviado às pressas para Monza.

A corrida, porém, foi uma tranquilidade só: depois de uma largada limpa, Fittipaldi ganhou três posições em poucas voltas, e assumiu o segundo lugar antes da metade da prova, graçasao acidente entre José Carlos Pace e Clay Regazzoni. O líder era Jacky Ickx, da Ferrari, cujo motor quebrou a oito voltas do fim, abrindo caminho para a vitória e o título, com duas corridas de antecedência, do mais jovem campeão do mundo até 2005, quando Fernando Alonso conquistou seu primeiro título.

É lugar comum dizer que foi este título abriu as portas do automobilismo mundial para o Brasil. Possivelmente não teríamos tido os tricampeonatos de Piquet e Senna, e, vá lá, Barrichellos, Massas e outros que se aventuraram pelas pistas desse mundão se não fosse por ele. Mas é verdade, e não é necessário acrescentar nada a isso. Só agradecer e homenagear os quarenta anos do primeiro título do, como ele mesmo se intitulou, “Porteiro dos Brasileiros“.

Emerson Fittipaldi e o mítico Lotus 72D (foto: Lotus Cars)

Dia da bênção

O número 13 é um número primo, ou seja, só é divisível por ele próprio e por 1. Talvez por isso tenha sido considerado, na antiguidade, um número irregular, pois não pode ser dividido em partes iguais. Vem daí uma série de superstições que envolvem o 13, tido como um número de má sorte – tanto que vários edifícios em diversos lugares do mundo simplesmente não têm o número 13, poucos jogadores de futebol usam o número 13 nas camisas, a Fórmula 1 não tem o número 13 na numeração de seus carros, dentre várias outras esquisitices.

Até aí tudo bem, mas por que é logo a sexta-feira 13 que gera polêmica como um dia de azar? Por que este dia mal visto não poderia ser, por exemplo, terça feira?

Há várias causas prováveis para a lenda da sexta-feira 13: o mais famoso é aquele segundo o qual foi na sexta-feira, 13 de outubro de 1309, que a ordem dos cavaleiros templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV da França, e posteriormente perseguidos e massacrados até o último homem. Outra dá conta de que foi provavelmente em uma sexta-feira 13 de abril que Jesus foi crucificado, pois a Páscoa supostamente caiu no dia 15.

A mitologia nórdica também tem suas versões para a sexta-feira 13: em uma, os deuses ofereceram um banquete e 12 foram convidados, tendo Loki, espírito do mal e da discórdia, aparecido sem ser convidado e provocado uma briga que culminou na morte de Balder, o favorito dos deuses. Por isso o décimo terceiro elemento significava problemas, e convidar 13 pessoas para um banquete passou a ser sinônimo de desgraça.

Em outra (que eu acho mais legal), Friga, deusa do amor e da beleza (de cujo nome veio frigadag, em norueguês, freitag, em alemão, friday, em inglês, todos significando sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e germânicas se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa, por ser uma deusa pagã muito popular. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas-feiras com outras 11 bruxas e o o demônio (o capeta em pessoa!), e os 13 ficavam rogando pragas aos humanos.

Alguns eventos que marcaram a História aconteceram em sextas 13: a crucificação de Jesus provavelmente aconteceu em uma sexta-feira 13, o AI-5 foi publicado em uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, o maior incêndio florestal da Austrália (até agora), em 20 mil quilômetros de terra foram queimados e 71 pessoas morreram, começou em uma sexta 13, em 1939, o avião que levava a equipe de rugbi do Uruguai caiu nos Andes em uma sexta 13 em 1972 (esse fato deu origem ao filme “Alive”, de 1993 (não confundir com “Os sobreviventes dos Andes”, da década de 70). Em comparação com outras tragédias, ocorridas em outros dias, estatisticamente as sextas 13 não têm nada de mais.

Este ano de 2009 terá 3 sextas-feiras 13, (a última delas, 13 de novembro, é meu aniversário). É um prato cheio para os supersticiosos mas, pessoalmente, não vejo nenhum problema nestes dias. É tão corriqueiro como, por exemplo, a quarta-feira 2. De qualquer modo, você que se preocupa com esta data, tremei, pois, depois de hoje, ainda faltam duas sextas 13 (e a outra já é no mês que vem!).