O Ocaso do Edifício Serrador

Lendo o último post do David, li sobre um dos mais bonitos edifícios já construídos na Avenida Rio Branco, o Palácio Monroe. Isso me fez lembrar de um outro edifício importantíssimo que existia na Cinelândia, do outro lado da Rua Santa Luzia: o Edifício Serrador.

Idealizado pelo espanhol Francisco Serrador Carbonelli, que queria transformar a Cinelândia na Broadway carioca, e inaugurado em 1944 (três anos após sua morte), o Edifício de 22 andares sediou o famoso Hotel Serrador, que hospedava políticos e empresários que vinham à então capital da República. No edifício ainda ficava a boate Night and Day, famosa pelos espetáculos de teatro de revista, que atraía as celebridades dos anos 40, 50 e 60.

Com o tempo, a falta de garagem e de estacionamentos próximos foi, aos poucos, tornando as operações do hotel inviáveis. Para piorar, a área da Cinelândia sofreu muito com o abandono e a desvalorização, o que acabou por determinar o fechamento do hotel.

Depois do hotel o prédio, tombado, foi sede da Petros. Com a saída desta, ficou anos abandonado. No final da década de 90 a Fundação Rubem Berta, que controlava a falecida Varig (isso aí que a Gol comprou não conta) anunciou a compra do edifício e sua incorporação à rede Tropical de hotéis (Seria o Tropical Serrador), o que não deu certo, como era de se esperar, já que, àquela altura, a Fundação já estava atolada até o pescoço com os problemas que levariam à sua derrocada, com a venda da VarigLog, da VEM e a quebra da Varig. Em 2003, o Serrador foi vendido por R$ 23 milhões para um empresário espanhol envolvido em bingos no Rio. Surgiu, pouco depois, o anúncio de que o prédio seria vendido para a Eletrobrás, que o transformaria em sua nova sede, o que, ao que parece, também fez água.

As últimas informações dão conta de que o edifício foi vendido ao grupo hoteleiro Windsor, que anunciou a construção de dois hotéis no complexo, que terão direito a 400 vagas do estacionamento da Cinelândia (aquele que fica embaixo da Praça Mahatma Ghandi, onde até 1976 estava o Palácio Monroe), com suas tarifas “módicas”.

Bom, o prédio está mesmo em reforma. Resta ver se esse negócio vai dar certo e, diferentemente do que aconteceu do outro lado da rua, aqui haja um final feliz.

2 comentários sobre “O Ocaso do Edifício Serrador

  1. O que vemos na nossa cidade são casarões sem nenhuma relevância histórica sendo tombados, enquanto contruções como o Palácio Monroe virando poeira da pseudo modernidade. Espero que a saga do Edifício Serrador não tenha o mesmo desfecho infeliz que a do Palácio Monroe e que a nossa sociedade um dia aprenda a valorizar a sua história e seus personagens. Longa vida ao Serrador, e que os ruidosos carros de seus futuros hóspedes ecoem no silêncio das catacumbas do Monroe.

    É muito chato vivermos em uma cidade contemporânea, sem identidade arquitetônica e com pouco senso histórico.

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